
Neste dia, 11 de Novembro de 1918, terminou a 1ª Guerra Mundial, na época referida apenas como “a Grande Guerra”, o maior e mais destrutivo conflito da história até aquela data.
No início do século 20 a Alemanha queria impor-se também como um grande império colonial, à semelhança do Reino Unido e da França, e para tal, começaram um grande e impressionante programa de construções navais e de rearmamento.
O Reino Unido e a sua poderosa Royal Navy, obviamente preocupados com as ambições alemãs, aproximaram-se ainda mais da França através da “Entente Cordiale”, abrindo as portas para um bloco franco-britânico muito coeso.

Em 1914, com a Alemanha lançando navios de guerra à um ritmo impressionante, e com os britânicos e franceses construindo armas à uma velocidade nunca antes vista, bastava uma pequena faísca para que a guerra começasse, com essa faísca vindo no dia 28 de Junho de 1914 com o assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand por Gavrilo Princip, um nacionalista sérvio.
Naquela época toda a região dos Bálcãs fazia parte do Império Austro-Húngaro, um império que estava sofrendo fortes pressões internas, com grande parte dessa pressão vindo justamente daquela região.

O assassinato do Arquiduque, o herdeiro ao trono do Império Austro-Húngaro, foi um ataque terrorista com o objetivo de espalhar a mensagem de grupos nacionalistas locais e, como tal, foi tratada como uma questão interna e uma crise regional, no entanto, o Império da Rússia tinha interesse em ampliar a sua influência nos Bálcãs, com o Czar Nicolau II anunciando que não iria tolerar uma resposta militar austro-húngara contra aquela região.
Para o Império Austro-Húngaro do Imperador Franz Joseph I, a Sérvia deveria ser atacada e os grupos nacionalistas deveriam ser sufocados, e por isso encaravam a posição da Rússia como uma intromissão intolerável em assuntos internos.

Paralelo a isso, o Imperador Franz Joseph I tratou de reforçar a sua aliança com o Kaiser alemão Wilhelm II, do qual recebeu um “cheque em branco”, com a Alemanha garantindo que apoiaria os austro-húngaros em qualquer circunstância.

Com essa garantia em mãos, o Imperador Franz Joseph I enviou um ultimato para a Sérvia com exigências impossíveis de serem cumpridas, e quando os sérvios responderam com uma negativa, ordenou uma mobilização parcial das forças austro-húngaras, o que foi respondido pelo Czar Nicolas II com a mobilização parcial das forças russas.
A Alemanha, que tinha dado um “cheque em branco” para os austro-húngaros, ao verem a mobilização russa, iniciaram também a sua própria mobilização parcial.
Como naquela época a Rússia, a França e o Reino Unido tinham entre si um acordo de entendimento conhecido como a Tríplice Entente, os franceses e os britânicos viram na mobilização alemã contra a mobilização russa a oportunidade perfeita para juntos atacarem a Alemanha, colocando um fim nas pretensões alemãs de expansão colonialista que ameaçavam os domínios franceses e britânicos, principalmente no continente africano.

Ficou assim estabelecido o chamado bloco das Potências Aliadas, formado inicialmente pela França, pelo Reino Unido, pela Rússia, pela Sérvia e por Montenegro, um bloco que cresceria bastante nos meses e anos seguintes e que acabaria incluindo a Itália, os EUA, Portugal e muitos outros.

Do outro lado da frente de combate alinharam as chamadas Potências Centrais, a Alemanha, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano (atual Turquia) e a Bulgária.
No dia 28 de Julho de 1914, exatamente 1 mês após o assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand o Império Austro-Húngaro, com o “cheque em branco” alemão em mãos, declarou guerra à Sérvia.
Dois dias depois, no dia 30 de Julho, a Rússia iniciou a mobilização total das suas forças, o que levou a Alemanha a enviar um ultimato para a Rússia exigindo o fim dessa mobilização.
No dia 1º de Agosto, após a Rússia se negar a parar a sua mobilização, a Alemanha declarou guerra à Rússia, levando o Império Austro-Húngaro a ordenar a mobilização total das suas forças no dia 4 de Agosto.
Paralelo a isso, a Alemanha enviou um ultimato para a França e o Reino Unido, exigindo que parassem com a mobilização parcial das suas forças, mas como não obteve resposta, no dia 2 de Agosto os alemães ocuparam o pequeno Luxemburgo e no dia seguinte, 3 de Agosto, declararam guerra à França.
No dia 4 de Agosto, com a Alemanha invadindo a Bélgica, o Reino Unido ordenou que os alemães respeitassem a neutralidade belga, mas como a resposta foi negativa, nesse dia os britânicos declararam guerra à Alemanha.
No dia 6 de Agosto foi a vez do Império Austro-Húngaro declarar guerra à Rússia, com dezenas de outras declarações de guerra se seguindo ao longo dos meses e anos seguintes.

Quando essa guerra começou, o sentimento geral era de que seria rápida e que terminaria antes do Natal de 1914, mas essa previsão rapidamente se mostrou incorreta, com a guerra se espalhando por toda a Europa, com combates na Frente Oriental entre a Alemanha e a Rússia, combates na Frente dos Bálcãs entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia e combates na Frente Ocidental entre a Alemanha e a França aliada com o Reino Unido.
No início dos combates os exércitos aplicaram no terreno táticas de combate do século 19, incluindo avanços compactos da infantaria contra as linhas adversárias, no entanto, com o avanço da tecnologia, armas como metralhadoras e peças de artilharia com alta cadência de tiro estavam disponíveis em abundância, o que levou à uma autêntica carnificina.

Diante disso, ambos os lados entrincheiraram-se em posições mais ou menos fixas, incapazes de realizar grandes avanços devido a essas armas, o que levou ao advento dos carros blindados de combate, primeiro às mãos dos britânicos, uma inovação que foi rapidamente seguida pelos franceses e também pelos alemães.

A guerra, que duraria cinco ou no máximo seis meses e que inicialmente era vista como uma questão interna nos Bálcãs, durou 4 anos, 3 meses e 2 semanas e se espalhou pela Europa, pela África, por algumas ilhas no Pacífico, pela China, pelo Oceano Índico e por todo o Oceano Atlântico, colocando de um lado mais de 40 milhões de soldados das Potências Aliadas e, do outro lado, mais de 25 milhões de soldados das Potências Centrais.

Foi a mais destrutiva guerra até à data, com quase 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos apenas entre os militares, com mais de 10 milhões de mortos e feridos entre os civis.
Com as condições sanitárias se deteriorando muito durante a guerra, o número de vítimas mortais de doenças como a gripe eleva o número total de baixas para inacreditáveis 70 milhões de pessoas entre militares e civis.

Com a derrota alemã e austríaca, as potências vencedoras, procurando vingança, impuseram contra a Alemanha uma série de condições e exigências terríveis, levando a fome e a miséria ao país.

Como consequência disso, surgiram movimentos extremistas por toda a Alemanha, com destaque para os de inspiração comunista e os de inspiração fascista, onde se sobressaiu, a partir da segunda metade dos anos 20, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, simplesmente conhecido como o Partido Nazista, liderado por Adolf Hitler.
As condições impostas contra a Alemanha eram tão duras e severas que o Marechal francês Ferdinand Foch, ao ler o documento final do Tratado de Versailles assinado em 1919, disse: “isso não é a paz, mas sim um armistício por 20 anos”.
Ele estava assustadoramente certo e exatamente 20 anos depois, em 1939, teve início uma outra guerra ainda mais devastadora!

Source: HNMM